domingo, 3 de junho de 2012

Um conto de amor...



DESTINO

Um rapaz ia a uma festa com seus amigos, o que era rotineiro, já que o mesmo era jovem, gostava de diversão e em sua cidade não faltavam eventos do tipo. O moço só não imaginava que seria a última vez que cantava e dançava de maneira a esquecer do mundo. No canto do salão, ele localizou uma moça tímida e bela que se entregava à música junto das amigas. Encantado, dirigiu-se à dama, dizendo para si mesmo que precisava conquistá-la.
               A moça percebeu a aproximação do rapaz e quis se precaver, a mesma passeou a mão entre os cabelos para certificar-se de que se encontravam arrumados. Os dois conversaram e, sem saber, elegeram-se um ao outro como donos de seus respectivos corações. Não se sabe ao certo o motivo, mas o fato é que a conversa foi breve... A festa continuou e todos pulavam entusiasmados ao ritmo da música eletrônica. Até que a música acabou e a euforia, juntamente à festa, teve fim.
As vidas seguiram, a rotina tomou conta dos dois seres. Ele continuava vendendo artefatos antigos, na lojinha localizada de frente a uma sorveteria famosa na cidade. Ela seguia estudando artes e pintando em telas brancas todo seu sentimento, enquanto alimentava a esperança de ser reconhecida como uma artista, valorizada por seu trabalho. Contudo, a rotina não os fazia esquecer que não havia mais sentido adiar alguns problemas. Dilemas já não cabiam dentro de suas mentes, ambos estavam insatisfeitos ao perceber que simplesmente assistiam a vida andar em círculos.
Festas já não podiam satisfazer o rapaz que desejava ter uma vida com mais conteúdo, longe das bebidas e das mulheres fúteis que o cercavam. Sair da cidade poderia ser uma boa solução. O rapaz providenciou tudo, mas despedidas não o atraiam. Pensando em não ter que enxugar lágrimas, ele resolveu digitar e enviar e-mails para os amigos que ali permaneceriam. E pôs-se a estudar no interior.
Uma amiga percebeu que a “pintora de olhar áureo,” assim chamada por motivos que você leitor saberá em breve, não estava feliz, logo tentando ajudar, aconselhou-a que fizesse uma exposição na cidade, mas que não fosse uma exposição qualquer. Após passarem um tempo dialogando, a artista resolveu seguir o conselho da companheira. Entregando-se ao trabalho, a jovem aperfeiçoou suas ideias por um longo tempo.
A divulgação ficou por conta das amigas que escreveram cartazes, posteriormente espalhados por toda a cidade. Além de pagarem a um radialista para que a propaganda fosse feita na rádio, cuja, audiência era significativa. O tempo corria, entretanto o plano parecia dar certo, as pessoas começavam a comentar e interessar-se pela futura exposição.
O jovem ficou sabendo, por e-mail de um de seus amigos deixados para trás, que um grande evento aconteceria na região. Parecia uma ótima oportunidade de voltar, já que devido ao tempo afastado, a saudade vinha bater em seu peito junto à vontade de reaver a companhia dos amigos.
O rapaz, então, voltou. A primeira coisa que viu quando chegou à cidade foi um dos cartazes divulgadores da exposição de artes que aconteceria em breve. Após organizar sua estadia, o jovem resolveu abolir a saudade de sua alma, indo visitar os ex-companheiros de festas. Marcou um jantar na casa de um deles, Jorge, onde todos se encontrariam.
O relógio avisava que as horas alçavam a velocidade das asas de um albatroz, obrigando o ex-vendedor de antiguidades a apressar-se. Já na casa de Jorge, os amigos conversaram, comeram, riram e entre todos os tipos de petiscos que o dono da casa pode oferecer, a inevitável curiosidade surgiu e os amigos se interessaram em saber qual o motivo que levou o companheiro a deixar a cidade. O curioso é que nem mesmo ele soube explicar, sua justificativa foi a de que algo o incomodava e que a vida passara a extorquir dele a felicidade. E, uma voz dizia-o para que ele fosse buscar novas experiências, pois algo muito forte aconteceria em sua vida.
É chegado o primeiro dia da exposição. Darla começa a tatuar as paredes da cidade com imagens angelicais e delicadas. Os primeiros espectadores se impressionam, não só com a qualidade das obras, como também com a ousadia da artista de fazer das ruas seu próprio museu. Contudo, um detalhe chamava mais atenção do que qualquer outra coisa, detalhe esse que era a razão de chamarem-na de “pintora de olhar áureo”: a moça era cega.
Um dos espectadores mais admirados era Bernardo, o rapaz que havia voltado à cidade a poucos dias convencido pela saudade dos amigos e pela insistência dos mesmos para que ele viesse ver o evento artístico que prometia sucesso. Entretanto, Bernardo não imaginava que iria se emocionar tanto ao ver aquela delicada criatura banindo suas dificuldades por amor à arte. Guiado por um instinto incontrolável, o moço correu para limpar as mãos da dama, ao ver cair um pote de tinta sobre elas. Foi só aí que ele se lembrou da última festa em que esteve com os amigos, na qual, havia conversado com uma moça, por pouquíssimo tempo. Era ela!
Nesse instante, o rapaz percebeu que toda aquela confusão que passava dentro de sua mente estava morta. Tudo passou a fazer sentido, Darla convenceu-se de que a tristeza que a cercava serviu de motivação para que alguém a incentiva-se a realizar aquela exposição. Os dois sentiram algo superior ao entendimento humano e não há palavra melhor para definir tudo que aconteceu com ambos, durante suas vidas inteiras, do que: destino. E se há uma justificativa para o destino, ela se chama amor. O mesmo amor que uniu a partir daquele momento, por um toque seguido daquele olhar, Darla e Bernardo.

Legenda:
  • Verbos regulares – Negrito (15)
  • Verbos irregulares – Itálico (10)
  • Verbos defectivos – Sublinhado (5)
  • Verbos Abundantes – Vermelho (5)